Fugindo um pouco da temática do blog ‘O quarto de Cosette’, parti para uma questão delicada que está em voga com a facilidade de disseminação de informações pela internet: sensacionalismo imagético.
A espontaneidade e acesso rápido às informações antes obtidas somente pelos compradores de impresso e/ou pelos que se interavam de eventos fatídicos por proximidade com alguma parte envolvida, tornou a internet uma escola de medicina.
Sempre pessoas próximas estacadas em frente ao monitor, com olhares gélidos e frases repetitivas como, ‘que horror’, ‘quanta crueldade’, olha aqui, deve ser parte do rosto’, e tantas outras exclamações que sugerem homicídios, acidentes, etc.
Alguns já estão tão acostumados com essa agilidade internética, que ao ouvirem um boato logo estão no dáblio, dáblio, dáblio pra confirmarem a tragédia e observar a fio as fotos que exibem a situação com muitos detalhes e fidelidade.
Outros são profissionais de necropsia on-line. Sabem exatamente o porquê da falência, material usado no homicídio, até mesmo a bebida ingerida antes do acidente e logo divulgam na internet todos os detalhes observados durante a aula de anatomia. Publicam fotos e vídeos para que o leitor também se especialize em análise de cadáveres.
É até gasto de caracteres dissertar sobre esta falta de integridade e respeito. As pessoas gostam de ver a decomposição alheia sem sentir o odor característico e a sem enxergar a dor de familiares que não merecem tal invasão.
Os veículos de comunicação foram apelidados de ‘urubus’ e os que fogem à esta prática são apontados como ultrapassados, que não correm atrás da informação e apenas publicam textos estatísticos, sem imagem.
Os responsáveis por estas ‘necropsias’ não são apenas quem fica no encalço da tragédia, mas também os quem mantém a credibilidade de tais veículos. Imagine se o cara que trata como profissão a ‘nova medicina’ vai continuar no ramo se ninguém lhe der crédito. Reflita!
Não vou contribuir com este invasão e colocar links para que meus caros leitores (e acredito eu, não seguidores necropsia on-line) terem o desprazer de uma suave ânsia. Prefiro indicar algo para deleite mais sério, mesmo que algumas imagens representem tragédias, porém de pontos que beiram o artístico.
Nem sempre o ibope do site, blog, é vantagem. Prefiro a míngua de leitores a sofrer com o próprio veneno.
Indicações do dia: The Guardian, jornal inglês com formato clean e imagens dignas de serem postadas. São fotos variadas de diversos países.
Sugiro um post explicando suas motivações para criar um blog e o porquê deste nome.
ResponderExcluirBoa sorte.